Crise hídrica de Santa Cruz: Conflito Entre SAAE e CAERN.


A cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, vive uma batalha silenciosa e crucial pelo acesso à água entre o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) e a Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte (CAERN). Enquanto os cidadãos enfrentam cortes de abastecimento e rodízios, as duas instituições divergem quanto às causas e soluções para a crise hídrica.

O SAAE, responsável pelo fornecimento de água e coleta de esgoto, aponta a quantidade insuficiente de água proveniente da adutora Monsenhor Expedito como a raiz do problema. Alega que a vazão de 235m3 para o reservatório não é capaz de suprir a demanda da população. Em resposta, são realizados rodízios de abastecimento a cada 10 a 15 dias. Segundo a instituição, a solução passa pela ampliação da adutora e pela construção da adutora da Lagoa do Piquiri.

Por outro lado, a CAERN destaca que Santa Cruz recebe 20% da água da adutora Monsenhor Expedito, que é abastecida pela Lagoa do Bonfim. Alega ainda que a cidade é uma das 30 servidas pelo sistema, abrangendo 280 comunidades rurais, e que a disponibilidade de água está no limite. Roberto Linhares, diretor-presidente da CAERN, enfatiza a limitação da outorga de água da Lagoa do Bonfim e aponta para a falta de hidrômetros em grande parte dos ramais da cidade como um complicador na distribuição equitativa.

A quantidade de água fornecida pela CAERN, que totaliza 5.880.000 litros por dia para Santa Cruz, suscita preocupações. Com 145,92 litros por habitante/dia, ultrapassa o mínimo recomendado pela ONU de 110 litros/habitante/dia. Essa discrepância reforça as queixas da população e acentua a tensão entre as instituições.

Diante dessa situação crítica, a SAAE de Santa Cruz empreende esforços para a implementação em massa de hidrômetros. Embora a iniciativa seja louvável, o prazo de conclusão em até 3 anos levanta questionamentos sobre a celeridade das ações frente à urgência da crise hídrica.

Enquanto SAAE e CAERN se envolvem em um embate de posicionamentos e responsabilidades, é inegável que a população de Santa Cruz sofre as consequências dessa disputa. A escassez de água afeta diretamente o cotidiano dos cidadãos, restringindo suas atividades e a qualidade de vida. As soluções para esse conflito complexo envolvem ações práticas, como a ampliação das adutoras e a distribuição equitativa através de hidrômetros, mas também requerem um diálogo franco e construtivo entre as partes envolvidas.

Enquanto a busca por um acordo persiste, os cidadãos de Santa Cruz anseiam por um desfecho que garanta o acesso regular e suficiente à água, um recurso essencial para a sobrevivência e bem-estar de todos.

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